segunda-feira, 29 de novembro de 2004

sexta-feira, 26 de novembro de 2004

Entrar pra perder

— É o que eu te digo, Alfredo. Só otário entra pra perder.

— Também não é assim, Nestor. Existem diversas razões pra um cara entrar meia-bomba num jogo.

— Me diz umazinha só.

— Ué, às vezes o cara já sabe que vai perder. Ou nem perder, mas já sabe que boa coisa não vai dar. Aí o melhor é economizar recurso e energia pra uma oportunidade realmente boa.

— Então, já que está na merda, liga o “foda-se”?

— Por aí.

— Nunca ouvi tanta asneira junta, Alfredo. Imagina se esse sujeito hipotético que você inventou fosse a regra. Como ia ser? Primeiro que ninguém casava, o mundo ia ser gay, a única forma de comunicação perfeita que existe. Título de eleitor virava artigo de colecionador. Companhia de seguro, faliriam todas. Campeonato ia ser decidido na primeira rodada, quem perdesse na primeira e já ficasse pra trás nem precisava jogar de novo. Atletismo então? Não existiria o gosto pela superação, o treinamento incansável, ninguém batia recorde! Não existiria o famoso sprint, a arrancada final. Não existiria emoção, virada... Quer saber? Não existiria torcedor!!

— Você está exagerando...

— E não existiria, principalmente, o vascaíno. O vascaíno, Alfredo, é uma esfinge. O que sofre e ama, como agüenta é um mistério, mas continua sempre ali, impávido. Percebeu? Espanto, meu caro, espanto! O Vasco é o time da virada porque ninguém crê tanto como o vascaíno. Jogo do Vasco só esvazia quando o juiz apita. Até os quarenta e quatro e meio tem nego torcendo. Apesar de tudo, apesar até do Bruno Lazaroni. Te digo mais: o que estão fazendo com esse time não é só uma simples questão de cagar o campeonato desse ano. Esses caras estão manchando uma história, destruindo o futuro. Estão esvaziando as arquibancadas dos próximos trinta e cinco campeonatos! Estão evitando a paixão de outros guris. Tem criança olhando, Alfredo! Do mesmo jeito que eu já estive, que você já esteve, como meu filho estava hoje. Com que cara eu olho pro moleque? Sabe o que ele me perguntou outro dia? Virou-se pra mim e disparou: “Ô pai, o Vasco é assim feito Atlético, que tem um monte? Porque esse daí não parece nada com o Vascão que você fala. Esse é do outro?”. Do outro! Ele acha que tem mais de um tipo, que eu falo de um time que não existe mais, que não é aquele que ele vê jogar, Alfredo! Nada justifica entrar pra perder!

— Tudo bem, Nestor. Mas teu caso é diferente. Não dá pra comparar o time do Galvão e a tua linha de passe com a Alzira!

— Como não? Como não? Raciocina, Alfredo. Ela também tá entrando pra perder! Não prestaste atenção numa vírgula do que eu contei, seu pulha. Prestenção: a Alzira disse que teve um pressentimento, uma visagem ou como seja, de que nosso relacionamento ia pelo ralo. Por isso resolveu fazer boicote, piquete, chochar a coisa toda. Não adiantou nada. Eu continuei firme. Ela dormiu de calça. Eu firme. Ela deixou as cuecas sujas empilharem. E eu no amor. Cozinhou jiló cinco dias seguidos. Virou evangélica, e eu resistindo, amando, amando... tirava o telefone do gancho e fingia que falava com outro homem e eu rindo na extensão, sabendo que do outro lado só tinha o tu-tu-tu de ocupado. Banho? Que banho? De gato, e olhe lá. Colocava vinagre nas minhas garrafas de Magnífica, mastigava dente de alho o dia inteiro, pra eu não chegar nem perto. Disse pra vizinha, bem alto pra eu ouvir, que o nosso caso está na hora de acabar. Dolores é apelação, Alfredo! Hoje ela exagerou: ameaçou botar um pôster do Beto na parede. Mas não levou adiante, essa nem ela mesma agüentava. Também aí nem era separação, era homicídio.

— Mas então o que é que você vai fazer agora?

— Sei não. Mas eu não entro em jogo pra perder. Dessa mulher eu já quis tudo, já roubei a alma, tive o coração dela na mão, rapaz. Mistura uma calcinha dela no meio das de outras trinta mulheres e eu acho de olho fechado. Eu conheço minha flor de cor e salteado. Nem me sei longe dela...

— Há malas que vão para Belém, Nestor. Quem sabe é melhor assim.

— Perder a Alzira? Pirou! Perder por que pode ser que um dia talvez quem sabe a gente se separe? Faça-me o favor. Vergonha cresce na minha cara junto com a barba, meu chapa. Me aguarde.

— Que vai fazer?

— Xacomigo.

Um mês depois, os dois amigos se esbarram de novo na saída do jogo.

— Ô Nestor! Quanto tempo! Como é que vão as coisas? Você tá com uma cara ótima, rapaz! E a Alzira?

— Alzira tá uma pétala. Só você vendo. Vamos às mil maravilhas.

— É mesmo? O que você fez? Milagre?

— Casei.

— Casou? Puxa, meus parabéns! Mas nem convidou, Nestor? Puxa vida, eu pensei que a gente fosse mais amigo... Já sei. Você e Alzira resolveram assim de súbito.

— Não, não foi bem assim.

— Ué... Então por que o mistério? Ninguém lá no bar comentou nada também.

— É que eu casei, mas...

— Mas?

— Não foi com a Alzira.

— ...?

— Eu casei com a Carminha.

— A tua prima boazuda?!?

— Prima de consideração, ô figura. Olha o respeito. A Carminha é irmã da Míriam, mulher do Osvaldo, esse sim meu primo.

— Mas péra lá... Não tem bem um mês você tava cabisbaixo, dizendo que não ia conseguir nem viver sem a Alzira... E agora casou com outra e ainda diz que ela tá ótima? Num tou entendendo nada!

— Sempre te achei curto de idéia. Mas eu explico. Lembra que ela teve um pressentimento?

— Sei. Que vocês iam se separar definitivamente e então ela começou a melar a relação de vocês pra não sofrer depois.

— Pois é. Casei com a Carminha pra tranqüilizar a Alzira, provando que ela estava certa. Mulher e cliente sempre têm razão, Alfredo, lembre-se disso. Contei que tinha um caso, que na verdade só começou depois, nós nos separamos, o presságio virou realidade e aí não sobrou mais ameaça nenhuma, já tinha acontecido. Compreendeu? Agora a gente pode namorar em paz.

— Macacos me mordam, eu nunca ouvi nada parecido com isso Nestor. Você ia perder a Alzira e agora não só ainda está com ela como casou com a Carminha, as duas mulheres mais desejadas do bairro!

— Na vida como no futebol, Alfredo. Pra não perder um jogo eu faço até gol contra pra acender os brios, pego rebote, contra-ataco, cruzo e finalizo. Espantei o tinhoso encarnando o cão! Eu não entro em jogo pra perder!

— É, Nestor... eu ainda volto a ver o Vasco jogar assim, que nem você. Vamos tomar umas brejas pra ver se você me ensina direitinho como é que se aplica essa filosofia... Por acaso a Carminha não tem outra irmã?

quinta-feira, 25 de novembro de 2004

Coruja!

http://oglobo.globo.com/jornal/suplementos/segundocaderno/capa.asp

Eu não consigo parar de sorrir! :)

PS: Valeu, Hugo.
Sukman é poder! ;)
Quem vc consegue identificar? :) Posted by Hello

segunda-feira, 22 de novembro de 2004

Insônia III

Trilha: SCRIABIN - LE POÈME DE L’EXTASE, OP.54
Pra Milena

Hoje eu tava vendo você dormir e foi como se um vento frio passasse no meu coração, através de uma janela empenada que eu tento, tento, mas não consigo fechar, fica sempre meio aberta, eu já te contei um pouco sobre isso, que me dá calafrio, você é muito pequena, o meu amor é muito grande, o meu coração é muito, muito feio, não que nem o de toda gente grande, um pouco assim também, mas errado que nem o meu eu tô pra ver ainda, só você faz, só você, com que eu pareça um pouco menos inepta, por isso eu gosto de te espiar dormindo e o vento sopra sem parar.

Não sei se você foi feita pra esse mundo, esse mundo com certeza não é meu, se for de alguém, que esse alguém se pronuncie, alguém tem que cuidar do que é próprio, como eu cuido de você, mas desse mundo de ninguém quem é que cuida, essa nau desgovernada no meio da incúria humana, e foi bem nele que nós caímos e eu queria que tivesse jeito aí eu fico com uma pontinha de esperança, não é possível o nunca, detesto todo o irrefragável, e nunca vão deixar a gente pensar em paz e bate daqui e dali, todos os lados apanham e só a rafaméia é que não entende lhufas, como sempre, e esse vento frio fica me lembrando o tempo todo que eu não sei qual é o certo, que ninguém quer ter filho néscio, presta atenção, pra sofrer na mão dos outros antes eu do que você, antes eu sempre, em qualquer situação, mas não consigo te incutir o mal, me dá arrepio, você é muito bonita pra ser menos boa, como é que eu vou saber se devo te ensinar a se defender, como saber se devo empedernir a tua casca?

Melhor vestir um casaco e parar de pensar besteira, fico com insônia e as minhas razões fatigam-se, os olhos ressecam e enxergam torto, mais torto que meu nistagmo, de madrugada só o opróbio se sustenta e não adianta sair pelo reino de Morpheus atrás de alguma honra ou virtude que elas só existem em contraposição, só existe a graça depois da angústia, eu ainda tenho que agradecer por chegar em casa inteira e fico o dia inteiro longe de você imaginando as piores coisas, preciso ver menos TV, as vicissitudes morais se realimentam no coletivo, e a gente se sente mais de um na frente de uma TV, tem gente até que só dorme com elas ligadas de tanta solidão e não percebe que os pensamentos se liquefazem, os temores empedram e cada vez existem mais frinchas na alma prestes a rachar.

Na dúvida entre te ensinar a gostar de passarinho ou brincar de atiradeira, entre torcer pela princesa ou pela bruxa, entre se deixar usar ou chutar cabeças, entre essas e tantas outras dúvidas, eu vou estar sempre errada. Sei agora que sempre vou estar errada e não será por ignorância, mas por opção. Prefiro assim. Se eu estiver certa, nós duas não pertencemos mesmo a este mundo, e não cabe a mim erguer teus muros, infelizmente, os meus ficaram altos, altos demais. Errada, filha minha, mas sempre do teu lado.

Um beijo da Mamãe.

quinta-feira, 18 de novembro de 2004

Parabéns pro aniversariante! JONGO - 17/11/2002 Posted by Hello

Saudades de Aldir Cronista II

Pra matar as saudades, enquanto as novidades não chegam, pedi pra colocar aqui esta crônica, uma das mais pedidas pelos fãs saudosos. Eu tb a-do-ro. ;)

PALAVRA DE HOMEM

Aldir Blanc


No apartamento onde moro existe um cômodo misterioso: o escritório. Não escrevo nele, mas lá estão os livros, o computador, a velha máquina de escrever, o fax, os discos... De vez em quando, peço licença e entro lá pra apanhar alguma coisa. O lugar é dominado por minha mulher e quatro filhas.
Uma noite, fui atrás de um livro policial com Pepe Carvalho, meu detetive favorito, e dei de cara com as cinco me olhando.
Só o homem que vive com cinco mulheres sabe os riscos dessa convivência. Ë preciso ser o que meu amigo Mello Menezes chama de "canalha cálido": terno, compreensivo, com apurado senso de justiça, jamais deixando que ciúmes extrapolem, ajeita daqui, manera de lá, tentando não perder um pedacinho sequer do imenso amor que todas sentem por mim e que eu, modéstia à parte, mereço. Bom, manter essa peteca no ar sem uma certa dose de canalhice, sinceramente, não dá.
Na tal noite, que mudou minha vida, as cinco me olhavam, intensas, e pude sentir que o homem não é nada quando mulheres tomam uma decisão. Os olhares diziam mais ou menos assim: isso é assunto nosso, morou? Estamos envolvendo você por consideração, etc, mas ESSE NÃO É SEU DEPARTAMENTO, CERTO?
Uma delas me deu uma lata de cerveja geladinha, outra me passou uma cigarrilha holandesa, botaram um disco de jazz que eu amo na vitrola, e Isabel, a caçula, me jogou um beijinho como quem diz: coragem! Cumprido esse preâmbulo ritualístico, a Rainha das Amazonas anunciou:
- Tatiana está grávida.
Elas dizem que é folclore, mas eu senti direitinho a fumaça da cigarrilha saindo pelas orelhas. Engasguei, fiz gestos estranhos, e a Pátrícia suspirou:
- Eu disse que era melhor acender um troço mais forte...
Eu nasci no Estácio, pô! Qualé? Fui criado em Vila Isabel! Não vou perder a pose mole, não! Eu e o Bruce Willys somos duro de matar, neguinhas! Vou mostrar pra vocês meu famoso jogo de cintura. Quando vocês iam, eu já estava voltando, tá legal?
Parei de espernear, levantei do chão, Isabel enxugou a lourinha entornada em minha camisa, e tomei ali, na hora, uma decisão de macho: não vou permitir que elas percebam meus verdadeiros sentimentos. Nunca! Par o próprio bem delas, tenho que ficar frio. Vou fazer minha imitação de Robert Mitchum.
Pronto. Nervos devidamente colocados no lugar, tive um acesso de choro. Nada de BUÁÁÁÁÁÁ e SNIFF, coisa de criança. Sou da Zona Norte. Foi assim: AAAMMMHHHNNNN!
Vendo que eu havia conseguido o completo domínio de minha emoção, Mari Lúcia continuou:
- São gêmeos.
- AAAIIIIIMHHNNNHHHIIIIGRFSSSS!
Mais lenha:
- A Mariana também está grávida.
Voltei a mim, igualzinho no antigo samba, nos braços de Isabel. "Nos braços de Isabel eu sou mais homem, nos braços de Isabel eu sou um deus..."Afagando minha barba em desalinho, Isabel brincou:
- Vai ser vovô...
Mari Lúcia me abanava, Mariana pingava gotinhas de Efortil dentro de outra latinha, Jung (meu bravo e fiel cão de guarda), lambia minha cara, Patrícia rezava um mantra aprendido em Búzios, e Tatiana repetia, sorridente:
- Assim a gente mata o velho...
Minha garganta emitia sons gorgolejantes. Todas insistiam:
- Fala, tenta falar. Cê vai se sentir melhor.
Consegui articular:
- Tô com uma vontade louca de comer carambola.
É isso, amigas. Fecundado pela palavra vovô, eu estava irremediavelmente grávido de meus netos.

terça-feira, 16 de novembro de 2004

Diário de um desvario

Trilha: Francanapa - Astor Piazzola

Dia 1
Se esse for o tempo, o tempo das flores e o tempo de viver só, pra cada adeus uma saudade e das saudades as razões se esvaem, brincam de orvalho, caindo serenas e manchadas de lua, transfiguradas em desvarios e de volta pra saudade.
Quantas serão as horas passadas ao largo, as horas mortas e as outras tantas trancadas no baú, em meio a pilhas de lembranças puídas, mofando no banheiro onde uma poça de solidão faz brilhar os azulejos sujos.

Dia 2
Da ponta dos dedos, um lumaréu estaciona no em torno. As mãos atadas por cordas de embira, os olhos cerrados e cobertos de nuvens, suor. Dos pés e pernas trançados em movimentos suaves, desliza o apaziguado coração, parcial enganador que suga de dentro do átimo sua pálida e fugidia segurança. Bestializado e cansado, o pobre apaixonado deixa-se levar pelo tango marcado, pisado, batido nas palmas, no susto, na alma e aguarda, clemente, que a cadência o redima, a cintura o vitime, de tal temor, de tanta despedida.

Dia 3
Como que caído de um buraco negro, o anjo pousou-se águia em seus ombros. Com as ofensas na ponta da unhas afiadas, cortou-lhe a pele, matou de novo o assassinado. Torturado este moribundo, exigiu outro sacrifício, ergueu o altar, ressucitou-lhe as carnes, mas não a pele. E cravou outra vez na vítima as garras envenenadas. Morrer morrendo.

Dia 4
Na quinta, foi domingo. E na sexta idem. Depois veio o sábado e o domingo foi uma quinta. E essa segunda? Vai ser sexta, provavelmente, mas não sei se teremos cadeiras para todos.

Dia 5
Cuspir na cara. É bom pra desabafar. Melhor do que chope, porque a tulipa é cara e na cara quebra. No duro. Dizem que se o cuspe é fino é boa saúde, mas se for grosso desliza melhor. Satisfação pessoal é subjetiva. Aliás, pessoal é subjetivo. Ninguém faz mais nada escondido e todo mundo ficou sabendo. Eles ficam sempre sabendo. Tem um que espia tudo. Finge que usa óculos, que tem mais idade e que compreende tudo. Disseram que foi viadagem, mas também podia ser disritmia. Buzinaram horas sem que ele respondesse, aí os grilos desistiram, entraram pra dentro da noite e a lua foi dormir.

Dia 6
Ab imo corde.

Dia 7
Um despropósito de silêncio veio antes dos pássaros. Quando eles invadiram o quarto, as paredes já estavam mudas. Só uma fronha pequena, com bordados na barra, dava um ou outro suspiro de vez em quando. As aves roxas e vermelhas chegaram juntas e tentaram fazer barulho. Nada. Só o suspiro da fronha. Aves vermelhas provocavam disparatadas as roxas que respondiam com ofensas irretratáveis, mas o breu de ouvido não cedia. Agitavam-se, grasnavam, crocitavam, arensavam, bramiam, batiam furiosamente as asas, misturavam-se às roupas no chão, chocavam-se com o ventilador, arremessavam contra os vidros e as treliças. Rasgaram os lençóis de seda brancos, derrubaram os quadros, destruíram o guarda vestido, loucas, furiosas com o silêncio irredutível. Não era mais um sem som, era um quebranto. Um avestruz apareceu de repente e bebeu sozinho uma garrafa de Balla 12. A pequena fronha deu o último suspiro.

sexta-feira, 12 de novembro de 2004

Love is about guts. Posted by Hello

CESTA DE BOMBOM

TRILHA: “EN LA ORILLA DEL MUNDO” – CHARLIE HADEN

O despertador tocou. Sonolenta e vacilante, ela tateia pela mesinha, agarra o telefone, diz alô no nada, o despertador apitando loucamente, que raiva, que sono, ela encontra o infeliz e o desliga. Larga a cabeça no travesseiro dando bufas e sonda o outro travesseiro da cama, que está vazio. De onde raios saiu esse despertador? E programado pra tão cedo ainda por cima? Ela se ergue com uma expressão descontente, esfrega os olhos e percebe a seu lado uma linda cesta de presente com um enorme laço de fita e um envelope.

“Meu amor:
Hoje é nosso aniversário de casamento. Sei que esta minha viagem de trabalho te desagradou profundamente, mas afirmo-te ter sido absolutamente necessário. Sabes como é este mundo em que vivemos, nunca dá tempo de ter tempo. Ou nunca se tem tempo suficiente pra dar. A fim de tentar compensar esta e muitas outras descortesias minhas para contigo é que preparei esta surpresa. Pus o despertador para tocar e tenho em mãos uma cópia desta carta, que leio também neste exato momento. Dentro da cesta, vais encontrar uma generosa porção daqueles bombons que tanto gostas, os de cereja. Lembras? Eu jamais me esquecerei.

Coma um bombonzinho. Eu como outro daqui e para cada um destes bocados você deve pensar num beijo meu. Combinado? Mas tem que ser juntinho pra dar certo. Lá vai: um dois três e já, um bombonzinho e um beijinho.

Durante todos estes anos de casamento, tu me fizeste o homem mais feliz do mundo. Cada pequeno gesto de carinho ficou registrado. Duvidas? Pois eu provo então ser esta a expressão mais pura da verdade. Sei, por exemplo, que escolheste a camisola das núpcias na cor azul por minha preferência. Sei que aprendeste a cozinhar meu pratos prediletos, copiando as receitas de minha família com precisão.

Outro bombonzinho, minha linda, outro beijinho.

Sei também que fechaste os olhos para meus defeitos, minhas variações de humor. Agradeço-te por cada lição aprendida, coisas que só tu, com tamanha doçura, poderia me fazer ouvir. Sou um homem melhor hoje, sei cuidar de meus cabelos, de minha barba, até das unhas dos pés e dos pêlos nas orelhas. Tudo por ti.

Mais um bombom, amor meu. Quase posso sentir-lhe a boca!

Quero que saibas também dos meus esforços, que apesar de muito menores e ordinários, os foram não por falta de amor. Dei-te tudo, do bom e do melhor. Dediquei-te minhas horas extras, malditos serões intermináveis, durante os quais eu só pensava em ti. Sentia-me terrivelmente só, mas a tua imagem, candidamente dormindo em nosso leito, a esperar por mim, era todo o meu consolo.

Bombonzinho, vai, mais um para que eu possa beijar-te.

Também procurei respeitar teus humores, as dores de cabeça cada vez mais freqüentes nos últimos meses, as pequenas desatenções, como deixar de passar-me as camisas, ou dar meias sem cerzir para calçar. Nem poderia arreliar-me tanto com episódios comezinhos, pois pela manhã tua disposição era sempre das melhores. A mesa do café sempre posta e bem arrumada, teu sorriso, tua voz a cantar um sucesso de Dircinha, o beijo de despedida na porta da rua...

Eu disse beijo? Outro bombom!

Pena que nos finais de semana, justamente quando era possível passar mais tempo em tua companhia, te acometiam as mais furiosas indisposições. Como temi por tua saúde. Gastei, você bem o sabe, muito dinheiro com especialistas das mais diversas áreas. Fiz promessa até. Meu coração doía de pena de ti, sofrendo tanto.

Bombonzinho, bombonzinho...

E, exatamente com a única intenção de te agradar, eu já tinha decidido voltar desta minha viagem mais cedo, de surpresa. Foi o que fiz ontem, no fim da tarde. Eu falei em surpresas? Eu é que fiquei perplexo. Sabes o que vi quando cheguei? Ah, bem sei que o sabes. Não, minha querida, não foi a traição propriamente dita que me destruiu. Encontrar outro homem em minha cama poderia ser perfeitamente sobrepujável, não fosse o pequeno detalhe de serem dois homens, não um, e negros, reluzentemente negros, e com caralhos colossais, prodigiosos. Havia porra espalhada por todo lado, do seu rosto à cortina e o cheiro do quarto era insuportável. E os três num estado animalesco de tal ordem que sequer notaram minha presença espiando pela porta entreaberta. Nojo? Náusea, enjôo? Não. Repulsão, repugnância, asco. Aversão. Ojeriza. Tanta que preferi deixar a casa imediatamente. Vaguei algumas horas e decidi retornar para a cidade em que estava, o mesmo quarto de hotel de onde eu nunca deveria ter saído.

Mas senti e sinto ainda vontade de beijar e abraçar minha mulher. Não a pérfida, traiçoeira e repelente mulher que dormia com aquelas aberrações, mas a doce e imaculada criatura com quem me casei. Porém, enquanto a memória da meretriz em mim permanecer, jamais minha alma terá paz de amar minha santinha. O demônio se apossou de seu corpo e de seu espírito e agora cabe a mim resgatá-la. Por isso mandei a cesta e os presentes. Realmente estou neste exato momento lendo a carta junto contigo. Também estou a comer os mesmos bombons, juntinho. Só que os teus têm arsênico. Os meus não.

Com todo o amor deste sempre teu,
Orlando.

PS: Corno é a putaquepariu.”

Arritmia em pêndulo

Pro Babo, no amor de quem eu fui morar

A cada passo
Do meu caminhar,
Se eu me perco
Ou se me acho,
Sei que só faço
O que mandar
O meu feitio.

A cada respirar
Do meu impulso,
Se é profundo
Ou mais suspiro,
Sei que só desfiro
O golpe justo
Do nosso vazio.

A cada grito
Inesperado,
Cada desamor
Propositado,
Cada manhã arruinada
Por outra noite mal curada,
Eu desmancho mais
E te quero mais,
Matando todos os meus dias.
Esperando, acorrentada a cada instante,
Que o teu amor inconstante,
Ainda que hesitante,
Venha calar-me o pranto incessante.

A cada arroubo
Inopioso,
Cada ceder
Virtuoso,
Cada silencioso martírio
Atado ao beijo ausente,
Eu desvelo ainda,
Prisioneira ainda.
Batendo no peito um relógio
Que conta o tempo pra trás.
Boquiaberto,
O coração cedeu espaço incerto
Pra um tique-taque deserto.

A cada batida
Monocórdia tento
Aceitar o meu destino
Assustoso – quiçá só um
Mal pressentimento:
Ainda vou morrer de amar
Mais do que agüento.

quinta-feira, 11 de novembro de 2004

Obrigada, obrigadão, obrigadíssima!!

Essa semana andei muito jururu com a perda de alguns textos antigos que eu queria muito colocar aqui no blog. Eis então que surge Edu, o Árduo (muuuito infame, minha nossa! rs) e não é que ele, tutor dos meus bebês, achou-os todos? Ah, mas eu fiquei tão feliz que fiz até a dança do elefantinho pra comemorar!!
Edu, amado, muito muito muito e outros tantos muito obrigadas, viu? Estou preparando uma surpresa bunitinha.

quarta-feira, 10 de novembro de 2004

Miró - Figure and Birds, 1948. Posted by Hello

terça-feira, 9 de novembro de 2004

TEM EM QUALQUER LUGAR

Eram duas horas da manhã quando ela chegou em casa. Os pés doíam, a meia-calça tinha desfiado da coxa ao tornozelo, a maquiagem meio desmanchada tinha feito um olho de panda na cara, o penteado também já não estava mais essas coisas e, ainda assim, um sorriso insistia em brincar nos cantos da boca, pegando-a desprevenida no meio dos melhores pensamentos. Jogou-se no sofá, com as pernas pra cima, ligou o som, escolheu a faixa certa e começou a cantar. Fez um agradecimento silencioso à Conspiração Universal, muito obrigada por ter me tirado de casa hoje. Não podia ter aprendido lição mais valiosa nesse momento. Mas a verdade é que não tinha sido de todo assim tão fácil...

Os dias anteriores foram de pura decepção. O tão esperado reencontro com o amor de sua vida, aguardado ansiosamente durante semanas, tinha começado como um conto de fadas e terminado num retumbante fiasco. Depois de seduzir, acariciar, depois usar todos os clichês românticos, depois até mesmo de beijá-la, aquele homem tão imensamente amado, aquele homem pelo qual ela se manteve alheia e distante de qualquer outro, aquele cuja ausência irremediava o destino, aquele homem negou seu carinho. Negou seu afago, negou colo, negou lamber as feridas que ele mesmo causara, negou socorro. Negou o passado, negou o presente. Assassinou o futuro. Ela ainda pediu uma última vez: “não vai. Fica comigo hoje, apenas se deixe ficar ao meu lado, não vai...”. Covarde, ele respondeu: “ficar hoje não adianta nada, não resolve meus problemas. Trepada boa tem em qualquer lugar”.

Ela sentiu as entranhas revirarem como se estivessem tentando lhe arrancar as tripas pelo buraco do umbigo. Cinco meses. Cinco meses fechada, sem permitir que ninguém a tocasse, fugindo, inventando pra si mesma as desculpas mais estapafúrdias, cinco meses pra ouvir que um trepada boa tinha até na esquina. O peito calcinava... ela agarrou o cordão que trazia no pescoço e instintivamente, pra se defender, arrancou com corrente e tudo o relicário com a foto dos dois juntos e atirou longe. Num arroubo de dor e de vergonha, ela não teve mais forças pra continuar. Saiu correndo pelo corredor, deixando o sujeito estatelado na beira da escada, bateu a porta de casa atrás de si, uivando de tanto chorar. Os pensamentos chocavam-se uns contra os outros, como é possível amar um corpo sem alma, sem sangue nas veias, capaz de tanto destrato? Queria levantar do chão e as pernas não deixavam, o choro não cessava, ficou ali sentada, doendo, remoendo, do avesso pro direito, até as pernas ficarem dormentes.

Adoeceu. Febre alta, crises intermináveis de calafrio, cãibras nas pernas, nos braços, amígdalas em pandarecos, enjôos incuráveis, três dias de cama.

Quando o telefone tocou, seu primeiro pensamento foi arrancar da parede aparelho, tomada fio, tudo de uma vez. Respirou fundo, pode ser importante, e atendeu. “vem pra quadra da escola agora. Tá todo mundo esperando por vc”. Não posso, não, não quero, não dá, nem adianta, nem te conto, doendo a vida, do cabelo à unha, mais ou menos, umas coisas aí, nada demais, porque não, porque não quero, não insiste, quem, não brinca, mas é melhor não, é mesmo, mentira sua, tanto assim, até aqui?, só pra me buscar?, verdade?, me arrumo em vinte minutos.

Foi. Se cobriu da purpurina que não tinha, usou o Lancôme que tinha acabado e foi. Foi com tudo, que a bicha pode até ficar bege, mas não cai do salto jamais...

A sensação ao chegar na quadra da escola era a de que a vida voltaria a ser contente. Mesmo sem saber bem porquê.

Bastou um sorriso.

Bastaram (é pouco?) três passos, dois rodopios, muita atenção, três meias-voltas, cinco compassos, outros tantos sorrisos, mais dedicação, um abraço... Passaram-se muitos minutos, horas. Seria possível? Cautelosa, semi-entregue, ela se deixa levar na trança das pernas, no ritmo do afago, na felicidade da descensura, e dançou a noite inteira, até a última nota, do último samba. Foi pra casa com o coração tranqüilo. Já na porta do prédio, o celular apita um recado. Ela lê o torpedo com a frase redentora: “você devia ter ficado comigo hoje. Nós merecíamos”.

Às duas da manhã, com as pernas pra cima do sofá, ela é obrigada a concordar. Realmente.
A próxima trepada boa até que pode mesmo estar na próxima esquina...

E a vida sorriu.

Sorri
A/G D6(9)
Depois do beijo, sorri
F° Em Asus4
Depois do abraço, parti
A7 C#7(#9)
Marcamos um novo encontro
Tu não vieste
F#m7(b5)
Fiquei triste
B7 G#m7(b5)
A lua cheia fez-me sorrir
A/G D6
Depois do beijo, sorri
F° Em Asus4
Depois do abraço, senti
A7 D6(9) Am
Muitas saudades de ti
D7
Amei
Porque amor por ti
G7M D7
Eu tinha demais
G7M
Te adorei
Esus4 E7 Gm6 A7(9)
E tu roubaste a minha alegria de viver
B7
Eu chorei
G#m7(b5)
Depois eu sorri...

(Sorri, de Elton Medeiros e Zé Ketti)

segunda-feira, 8 de novembro de 2004

sexta-feira, 5 de novembro de 2004

ORAÇÃO PERDIDA

Aldir Blanc / Jayme Vignoli / Luiz Flavio Alcofra

Por esse Amor estarei
na cruz do meu dia a dia.
Até a Virgem Maria
acha estranho o que eu passei.

Meu Amor chegou assim,
cavaleiro de cordel.
Fiquei grávida de mim.
Gêmeos, sim: Inferno e Céu.

O Amor me encheu de todo,
de queixumes, de jasmim,
de estrelas e de lodo,
de um perfume carmesim.

Sou um barco de segredo
brilhando feito um altar,
navegando um rio negro
que vai se atirar no mar.

Se a aflição me atingir
será raio prateado,
luar assombrando o monte,
cavalo branco assustado.

Amor vero e mentiroso
feito um caco de horizonte,
um incêndio criminoso
no manancial da fonte.

Meu Amor me dará pedra
e sangue pra comungar.
O Amor é meu pastor:
tudo me faltará.

quinta-feira, 4 de novembro de 2004

Jack in Mariel's Posted by Hello

Batata! A essa hora?!?

Desculpe, princesas, mas eu tinha que contar isso agora. Na casa do Batata, o que se procura sempre se acha. Às vezes a gente acha até aquilo que não tava procurando. Ou perde o que nem sabia que tinha pra perder. E dessa vez não foi diferente. A festa de segunda-feira, véspera do feriado de finados foi uma lou-cu-ra!

Quando essa humilde narradora que vos fala aportou no terreiro de Pai Batatã de Lobó-Unhé na intenção singela de apenas reverenciar os eguns, a coisa já parecia estar esquentando há tempos, apesar do toró monumental que se abateu sobre a cobertura do Rio Comprido. Aliás, perdeu-se um guarda-chuva, tá bem? Aliás, perdeu-se um tanto mais de coisas, algumas irrecuperáveis, outras nem tanto, um anel, um brinco de boneco agarradinho e uma ou duas belíssimas oportunidades... Aliás, a única coisa que eu não perdi foi a viagem, porque depois do tombo cinematográfico, nem a vergonha na cara me sobrou... meu joelho parece uma bola de boliche. Acho que quebrei alguma coisa, doutor... Ai, ui, tem certeza? Nem um emplastro sabiá no meu quintal? Ai, doutor, deixa pelo menos eu vestir alguma coisa...

De maneiras que vamos em frente.

A cena na minha chegada: fizeram festa pra minha garrafa de vodka. E olha que era só uma Smirnoff. Comecei a me preocupar. O Pulga já descalço na churrasqueira com cara de alquimista louco (eu acho que ele colocou alguma coisa no tempero da lingüiça – sem trocadilhos, por favor...), uma circulação frenética de pessoas subindo e descendo a escada em caracol, o Mateus cercado de moças desfalecidas com tanto garbo (muito donaire pra pouco tomaire, queixaram-se as pobres desafortunadas depois). Nosso anfitrião batatíssimo perdido entre picanhas, latas de cerveja e solicitações das mais diversas (“tem lata de lixo?”, “onde eu coloco as cervejas?”, “melhor pegar outro pano de chão...”, “traz um rodo!”, “cadê o limão da caipirinha?”, “alguém viu o Marcos Vinícius?”, “acabaram com o gelo!”, “quem pegou a porra da faca que tava aqui?”, “e o rodo?”, “pode usar o banheiro lá de baixo?”, “acharam o Marcos?”, “cadê a farofa?”, “Ih, Manuel, acabou o papel!”, “mas será possível que não tem um rodo nessa casa?”). O Juliano, pra variar, cercado por outras tantas moças, dava uma risadinha aqui, estalava um beijinho acolá, dava mais uma risadinha, apertava uma bochechinha, tudo no melhor estilo cuti-cuti-cuti, com a pequena diferença de estar umas cinco caipivodkas na frente do resto, fumando (hein?) aromáticas cigarrilhas baianas. E tinha ela, Tatiana, uma máquina! Fazia litros de caipirinha em poucos minutos e derramava-os todos na mesma velocidade, alguns goela abaixo, outros inteiros virados em cima das asinhas de frango temperadas na geladeira. Agora fora de brincadeira, a moça estava guerreira, deixou os marmanjos no chinelo, insuperável.

Lá pras doze badaladas é que a coisa começou a complicar. Charles teve uma crise seríssima de Burt Reynolds. Baixou nele um caboclo Valadão que não perdoava ninguém que passasse na frente. Te agüenta, nêga!

O Marcos continuava sumido. Juro! Tinha gente achando que o menino tinha sido abduzido.

Várias pessoas acotovelavam-se na frente do rádio trocando de Lulu Santos para Bonde do Tigrão e de volta para Ramones, o que obrigava a audiência a executar a dança do pelicano oligofrênico pra acompanhar o ritmo.

Eu, pra variar, fui acometida por uma crise de falatório verborrágico e entre outras coisas, entre um tombo e outro, fiz discurso da alma tijucana ao som dos funéreos fogos pro falecido patrono salgueirense Miro Garcia. Isso, antes de me estabacar de joelho no chão. Ou será que foi depois? Ou será que eu caí antes e depois? Eu bem que avisei que alguém ia acabar voando longe... Acho que eu cheguei a dar uma choradinha, mas com certeza nada tinha a ver com a queda. Sempre acontece quando os Exús saem da capa da noite e um deles tinha acabado de fazer uma ligação astral pro meu celular.

Falar em astral... O Buinha merece um altar. Não sei como ele agüenta tanto louco junto sem perder a pose um minuto só. Bem que ele podia ajudar a esclarecer outro mistério: o atual bichinho de estimação da Priscilla, essa nossa reencarnação de São Francisco de Assis (copyright DD, please), é um pterodáctilo ou uma anta-marinha? Ou seria um hierofante? Eu tb tenho saudade do Darta, mas ele/ela merece um capítulo à parte. Teria a Pris lido o Harry Potter? As perguntas não querem calar!

De manhã alguns mistérios começaram a ser resolvidos. O Marcos foi finalmente encontrado, no banheiro. Infelizmente as fontes falharam em descobrir com quem teria estado ele esse tempo todo. Minha cigarreira desaparecida tava debaixo da Isabela, que estava atravessada sobre a Simone, que aboletou-se junto da Bárbara, que ficou espremida entre a Maura e a Mariana, que não parava de tirar foto um minuto. Uma coisa a gente tem que admitir: essas mulheres estão cada dia mais insuportáveis de lindas, de interessantes, charmosas, poderosas... quando eu crescer, eu quero ser assim, exatamente igual a elas.

Disseram que a Alê passou bólidamente por lá, mas há controvérsia. Às cinco da manhã tinha gente jurando que foi alucinação coletiva. A julgar pelo estado geral de coisas, ela é que deve ter achado tudo uma tremenda viagem...

Eu fui saída mais ou menos às seis pelo meu anjo da guarda, que anda cada dia menos angelical e mais endiabrado. No fim do dia, eu ainda podia sentir cheiro de incenso e mirra pela casa e meu coração estava feliz.

O único insolúvel mistério da noite foi: nos braços de que sereia ter-se-á perdido nosso assoberbado anfitrião? Rola um boato de que ele está até agora soterrado de almofadas, só de cuequinha, nanando bunitim, com um sorrisinho muito do maroto nos lábios... quem sabe já sonhando com a próxima festa.

Eu não vejo a hora! ;)


- Filhotes de cachorro! Posted by Hello

terça-feira, 2 de novembro de 2004

Gatos pretos, bandeiras brancas...

Oxalufã anda "disimpussível" !!
Conosco, meu bem, ninguém podemos... ;) Posted by Hello