quinta-feira, 4 de novembro de 2004

Batata! A essa hora?!?

Desculpe, princesas, mas eu tinha que contar isso agora. Na casa do Batata, o que se procura sempre se acha. Às vezes a gente acha até aquilo que não tava procurando. Ou perde o que nem sabia que tinha pra perder. E dessa vez não foi diferente. A festa de segunda-feira, véspera do feriado de finados foi uma lou-cu-ra!

Quando essa humilde narradora que vos fala aportou no terreiro de Pai Batatã de Lobó-Unhé na intenção singela de apenas reverenciar os eguns, a coisa já parecia estar esquentando há tempos, apesar do toró monumental que se abateu sobre a cobertura do Rio Comprido. Aliás, perdeu-se um guarda-chuva, tá bem? Aliás, perdeu-se um tanto mais de coisas, algumas irrecuperáveis, outras nem tanto, um anel, um brinco de boneco agarradinho e uma ou duas belíssimas oportunidades... Aliás, a única coisa que eu não perdi foi a viagem, porque depois do tombo cinematográfico, nem a vergonha na cara me sobrou... meu joelho parece uma bola de boliche. Acho que quebrei alguma coisa, doutor... Ai, ui, tem certeza? Nem um emplastro sabiá no meu quintal? Ai, doutor, deixa pelo menos eu vestir alguma coisa...

De maneiras que vamos em frente.

A cena na minha chegada: fizeram festa pra minha garrafa de vodka. E olha que era só uma Smirnoff. Comecei a me preocupar. O Pulga já descalço na churrasqueira com cara de alquimista louco (eu acho que ele colocou alguma coisa no tempero da lingüiça – sem trocadilhos, por favor...), uma circulação frenética de pessoas subindo e descendo a escada em caracol, o Mateus cercado de moças desfalecidas com tanto garbo (muito donaire pra pouco tomaire, queixaram-se as pobres desafortunadas depois). Nosso anfitrião batatíssimo perdido entre picanhas, latas de cerveja e solicitações das mais diversas (“tem lata de lixo?”, “onde eu coloco as cervejas?”, “melhor pegar outro pano de chão...”, “traz um rodo!”, “cadê o limão da caipirinha?”, “alguém viu o Marcos Vinícius?”, “acabaram com o gelo!”, “quem pegou a porra da faca que tava aqui?”, “e o rodo?”, “pode usar o banheiro lá de baixo?”, “acharam o Marcos?”, “cadê a farofa?”, “Ih, Manuel, acabou o papel!”, “mas será possível que não tem um rodo nessa casa?”). O Juliano, pra variar, cercado por outras tantas moças, dava uma risadinha aqui, estalava um beijinho acolá, dava mais uma risadinha, apertava uma bochechinha, tudo no melhor estilo cuti-cuti-cuti, com a pequena diferença de estar umas cinco caipivodkas na frente do resto, fumando (hein?) aromáticas cigarrilhas baianas. E tinha ela, Tatiana, uma máquina! Fazia litros de caipirinha em poucos minutos e derramava-os todos na mesma velocidade, alguns goela abaixo, outros inteiros virados em cima das asinhas de frango temperadas na geladeira. Agora fora de brincadeira, a moça estava guerreira, deixou os marmanjos no chinelo, insuperável.

Lá pras doze badaladas é que a coisa começou a complicar. Charles teve uma crise seríssima de Burt Reynolds. Baixou nele um caboclo Valadão que não perdoava ninguém que passasse na frente. Te agüenta, nêga!

O Marcos continuava sumido. Juro! Tinha gente achando que o menino tinha sido abduzido.

Várias pessoas acotovelavam-se na frente do rádio trocando de Lulu Santos para Bonde do Tigrão e de volta para Ramones, o que obrigava a audiência a executar a dança do pelicano oligofrênico pra acompanhar o ritmo.

Eu, pra variar, fui acometida por uma crise de falatório verborrágico e entre outras coisas, entre um tombo e outro, fiz discurso da alma tijucana ao som dos funéreos fogos pro falecido patrono salgueirense Miro Garcia. Isso, antes de me estabacar de joelho no chão. Ou será que foi depois? Ou será que eu caí antes e depois? Eu bem que avisei que alguém ia acabar voando longe... Acho que eu cheguei a dar uma choradinha, mas com certeza nada tinha a ver com a queda. Sempre acontece quando os Exús saem da capa da noite e um deles tinha acabado de fazer uma ligação astral pro meu celular.

Falar em astral... O Buinha merece um altar. Não sei como ele agüenta tanto louco junto sem perder a pose um minuto só. Bem que ele podia ajudar a esclarecer outro mistério: o atual bichinho de estimação da Priscilla, essa nossa reencarnação de São Francisco de Assis (copyright DD, please), é um pterodáctilo ou uma anta-marinha? Ou seria um hierofante? Eu tb tenho saudade do Darta, mas ele/ela merece um capítulo à parte. Teria a Pris lido o Harry Potter? As perguntas não querem calar!

De manhã alguns mistérios começaram a ser resolvidos. O Marcos foi finalmente encontrado, no banheiro. Infelizmente as fontes falharam em descobrir com quem teria estado ele esse tempo todo. Minha cigarreira desaparecida tava debaixo da Isabela, que estava atravessada sobre a Simone, que aboletou-se junto da Bárbara, que ficou espremida entre a Maura e a Mariana, que não parava de tirar foto um minuto. Uma coisa a gente tem que admitir: essas mulheres estão cada dia mais insuportáveis de lindas, de interessantes, charmosas, poderosas... quando eu crescer, eu quero ser assim, exatamente igual a elas.

Disseram que a Alê passou bólidamente por lá, mas há controvérsia. Às cinco da manhã tinha gente jurando que foi alucinação coletiva. A julgar pelo estado geral de coisas, ela é que deve ter achado tudo uma tremenda viagem...

Eu fui saída mais ou menos às seis pelo meu anjo da guarda, que anda cada dia menos angelical e mais endiabrado. No fim do dia, eu ainda podia sentir cheiro de incenso e mirra pela casa e meu coração estava feliz.

O único insolúvel mistério da noite foi: nos braços de que sereia ter-se-á perdido nosso assoberbado anfitrião? Rola um boato de que ele está até agora soterrado de almofadas, só de cuequinha, nanando bunitim, com um sorrisinho muito do maroto nos lábios... quem sabe já sonhando com a próxima festa.

Eu não vejo a hora! ;)


- Filhotes de cachorro! Posted by Hello

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