sábado, 8 de setembro de 2007

A última coluna

A coluna que Aldir escrevia no JB acabou.
Abaixo o texto daquela que seria a última, mas nem chegou a ser publicada. Foto vai essa mesma, que a dos 3 juntos eu não achei... =)



MAIS VELHINHOS BIRITEIROS

Desde que os amigos Jaguar e Fausto Wolff ficaram impossibilitados de beber por ordens médicas e me pediram para honrar seus múltiplos compromissos etílicos, tenho me esforçado para fazer jus a esse trabalho. Eu, um vira-latas da Zona Norte, vertendo underbergues e steinhagers, que não são a minha praia, jogando no ataque por um Jaguar e um Lobo... Devo confessar que, de uma semana para cá, não os representei com o senso de profissionalismo que a nobre tarefa exige. Eu vinha entrando no quarto de muletas (joelhos com síndrome de Torres Gêmeas) e vi no chão, tarde demais, “A Vontade de Poder” de Nitzsche. O cirurgião que me operou em 1991 havia feito a advertência:

- Coisas largadas no chão, uma folha de jornal, livros, uma peça de lego, tudo isso pode ser mortal!

Bom, a muleta deslizou no Nietzsche (tá aí uma expressão bacaninha: hei, cara, tu tá deslizando no Nietzsche, tipo “escorregou na maionese”) e levei um tombo digno de um trapezista - sem redes. Agora, só chamo o tal livro de “Vontade não é Poder”. Fiquei uns dias sem biritar, tomando remédios mais destrutivos que a cervejinha e, não mais que de repente, li uma frase extraordinária do Jaguar, solta no meio do texto “Lucro Líquido”, que nem terrorista larga mala com bomba em saguão de aeroporto: “dias intermináveis”. É a pura verdade e dói mais que o retrato de Itabira na parede do Poeta. Pensei em meus dois companheiros de infortúnio, ergui-me do leito e tomei, pela ordem, uma pilsen Therezópolis Gold, uma Original, e uma belga Stella Artois . Pouquinha coisa, mas não é que o danado do dia passou mais rápido?

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Disney War

Leio que os norte-americanos montaram um parque temático semelhante ao, pasmem, Iraque, logo na Louisiana, onde cabra pasta Cheetos. Gastaram uma nota preta. Que desperdício! Bastava o Bushetta no poder usar a cidade destruída pelo furacão Katrina, Nova Orleans, que ficou – a parte mais pobre e negra – dias sem socorro, com cadáveres boiando pelas ruas, graças à omissão do Comandante-em-Chefe das Forças Armadas de lá. Parece que Nova Orleans chegou a ser cogitada mas um tecnocrata objetou:

- O clima do Iraque é mais seco.

Bobagem. As ruas de Nova Orleans estão encharcadas de sangue.

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A floresta de Bialowieza Puszcza

Economia de “mercado”, “liberdade” de comércio, neo-liberalismo, tudo somado é igual a caos. Lendo “O Mundo sem nós”, de A. Weisman, descubro que a floresta acima resistiu a séculos de domínio polonês, à Primeira Guerra Mundial, à invasão soviética, à caça predatória e destruição de madeiras nobres, promovidas por nazistas loucos de fome e frio, etc. Só não resistiu à democratização da Polônia, cujas otoridades, depois de restaurados os “livres” isso e aquilo, começam a destruí-la. O argumento é digno de um José Sarney: “Estamos cortando a madeira para restabelecer o caráter original das árvores”. A Polônia está ferrada. Seus políticos mentem mais que Réu-nan Ca(n)galheiros, o que não é brincadeira. Enquanto isso, Vargas Llosa escreveu um artigo precioso denunciando o regime “autoritário e racista da Rússia de Putin”. A grande contribuição da queda dos soviéticos foi o afluxo de estrelas para o cinema pornô norte-americano. Se considerarmos que Baby Bush criou cárceres secretos na Polônia e na Romênia para melhor torturar e matar, não estamos tão distantes assim da Cortina de Ferro. Quando a coisa piorar, Bush Mouse corre pro bunker (Bunker... onde foi que eu li essa palavra antes? Ah, que memória a minha! Foi o esconderijo final de Adolf Hiltler).

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Edufardo Azedinho

Pois é, senadô Azeredo, é possível que os que se esforçam para dar uma cara verde e amarela ao Canal Brasil lhe pareçam desinteressantes – mas também não estamos metidos com a caixa 2 de campanha do “publicitário” Marco Valério. Uma sensível diferença entre nós e Vossa Excrescência, não acha? Por isso, nós do Canal Brasil, nos sentimos honrados com sua defecção (não confundir com defecar. Isso o senadô já faz no mandato). Há momentos, na vida pública brasileira, em que são preferíveis os Bob Jeffersons e os Réu-nans. Pelo menos não bancam o santinho do oco (não acredito que farsantes desse calibre tenham pau).

Aldir Blanc