sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Continente

Como uma viagem no seio do tempo,

No ventre do espaço,

Como um furacão na poeira,

Um tsunami na praia,

Uma miragem no deserto.

Como a bala de prata

Do filme de caubói.

Como o lenço branco

Do pedido de paz.

Como o medo surdo

Do clandestino,

Como a dúvida –

Sempre atroz.

Como um passo, um laço, um navio.

Puro e sujo como água,

Verde e morto como África,

Você é continente...

O futuro que eu não viverei,

Meu único presente.

Por você, esgarço flancos,

Mordo em fúria imanente.

Por você, eu perco lastro,

Indolente.

Por você, lamentarei.

Eternamente.

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