sábado, 10 de setembro de 2005

CORRICANDO NO RECANTO

ILHA GRANDE – PARTE 1

Então.
Aí meu pai fez aniversário na semana passada. E a Dodô, uma pessoa que eu costumava considerar pelo menos razoável, inventou uma viagem pra juntar o Hospício Blanc com a Turma da M.A.R.I.A. (Magnificante Agremiação Realizadora de Içamentos Alcoólicos).

Sempre pensei que a maior reunião de malucos do universo estava ou no Estephanio’s ou na minha casa. Enganei-me nas duas. Nunca tinha visto nada parecido e olha que eu já fui pra tudo quanto é canto nas piores companhias – espécie de péssimo hábito disfarçado em causa humanitária – mas desse jeito... impossível. Na escala de insanidade:

(na foto: Roberto, Basile, Aldir e Ivan)

Roberto, o anfitrião: o dono da Pousada Recanto das Estrelas é o louco-mor, por ter aceito receber essa turma. Construiu uma linha de defesa formada por Bárbara, doce Bárbara, e os funcionários Rose, Franklin e Luciana, zagueirões à antiga pra fazer frente ao ataque dos hunos. Professor emérito da nossa oficina de Gargalhada para Agradar o Sogro.

Aldir, o desversariante: a-do-ra essas datas... Mesmo assim, pintou e bordou. Fez serenata de madrugada, dançou fados, polcas e outras menos conhecidas. Ficou emocionado quando descobriu que a travessia Mangaratiba-Abrahão seria feita na barca Lagoa, a mesma que tantas vezes o levou na adolescência para Paquetá, e por pouco não acabou com o Jack Daniels que abasteceria três dias de viagem. Na viagem de volta, tentou seqüestrar o filho de uma desavisada e perplexa criatura.

Dodô: imbuída do espírito coordenador 24 horas por dia, organizou todo o passeio, os horários, a van, o pagamento, a divisão dos quartos, a cota de vodka e de porções do churrasco pra cada um, a cor das camisas do Franklin pra melhor combinar com a decoração dos quartos, a distribuição das bolas de soprar pelas crianças por cor, o método de feitura do arroz, os horários de dormir do Basile e, num momento de maior tumulto, por pouco não convenceu o Sérgio Touro a trocar a Gilda pelo Eduardo Gordo.

Ivan, o terrível: pescador incansável, foi de corrico do continente até a pousada, passando inclusive pelos paralelepípedos da vila. Dizem que só conseguiu mesmo pescar o Basile, seu companheiro de quarto. Teve um ataque de espirros que nos fez rir durante hora e meia. Imagina um sujeito desse tamanho que espirra assim: Aaaa...fiiissssss... Céus. Olha ele aí na foto ao lado, corricando tranqüilamente sob o céu de deputado!!

Mello Menezes: autor de diversas façanhas famosas, conseguiu acrescentar outras tantas ao seu invejável currículo. Pouco depois de ingressarmos na Lagoa, com uma inacreditável imitação de apito, Tio Mello fez tripulação e comandante baterem cabeças (início de tumulto, passageiros correram, duas caixas de tangerina caíram no mar, houve disputa de salva-vidas, tendo o Ivan conseguido apenas, e com algum custo, pôr um em cada pulso). Acabou provocando prematura partida da barca. A Capitania dos Portos instaurou inquérito investigativo tentando esclarecer o mistério. E eu não tenho isso filmado porque sou uma azêmola...

Basile: recebeu do Mello o carinhoso apelido de “Tia Ciata”, tanto por seu vastíssimo repertório quanto pelo... ahn... conjunto da obra, eu acho. Sempre um dos primeiros a acordar e um dos últimos a dormir, na maior disposição. Campeão do TIPS, Torneio Intermunicipal de Puxa-Saquismo. Segundo Isabel, presidente do comitê de organização do torneio, a vitória deu-se pelo singelo placar de 1.437 X 15 do segundo colocado.

No quesito façanhas coletivas, a melhor aconteceu na noite de sábado, quando nosso heróico anfitrião foi surpreendido pelo contingente de segurança pública da Vila do Abrahão, formado, na verdade, por um único guarda. Perturbação da ordem, muita reclamação dos vizinhos... enfim. Até num lugar desse, a Turma é caso de polícia!

[Aguardem os próximos capítulos. ]

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