...eu juro que eu não queria que fosse assim, sempre foi tão importante na minha vida, me faz uma falta absurda, mas e quando sou eu que canso, quando sou eu que não agüento mais, quando sou eu que desmorono, quando a voz não alcança nem pedir socorro, quem vem com riso doce me abraçar, quem me faz rir de piada besta, quem me conta causo esdrúxulo, quem me põe pra passear em carrossel de canudinho, com guarda-chuva e tudo, quem me cobre de promessa, quem me abandona sozinha no exercício do fim-do-mundo, quem me só tem pena, eu sei, eu sei que essa é que sempre foi a verdade, o tal atual presente com sabor antigo tão distante agora é que era fantasioso, imagina, interessado no que eu dizia, sendo amigo de uma pessoinha tão pequena, desinteressante, incompetente, dismórfica, tou pra ver projeto mais mal-feito e errado do que eu, e sempre foi lindo, até quando ainda não era lindo era, sempre teve sorriso de abraço e olho de vaga-lume, lume, lume, vago na memória, se meu irmão tivesse aqui me respondia, que ele era elegante, e ia saber contar direitinho tudo da frente pra trás, capaz até de ouvir dele o que não conseguiria ouvir de ninguém, e pior que eu errei foi tudo, quando achei demais me disse foi de menos, quando achei de menos me acusou de desmedida, quando fiquei quieta fui estranha e quando estrilei era tarde, e, faz favor, o título, poupe a ladainha. Estás, meu amigo, coberto de razão, isto é um fato, porque ao contrário do teu coração enorme, que ainda consegues fazer crescer mais e mais a cada dia, ao contrário do teu, o meu desaprendeu de todo.
Eu nunca esqueço nada.