Da série: “Lá vem você outra vez…”
II
Hoje eu descobri que a eternidade é o encontro do sol com o mar.
(Sempre ele, o sol…)
Descobri que saudade é sal na boca açucarada
e que leio em tua respiração o rumo dos dias que me restam.
(Eu estou beijando você…)
Ouço a insistência melancólica do mar na tua ausência.
Vibro elástica tua fome e teu cansaço.
Racho e me despedaço de não te ter.
Me refaço e caminho por força do mesmo temor.
Choro tua boca de arder o peito…
choro teu colo — que argenta meu sono — de congelar…
(Eu estou beijando você…)
te espero, o corpo aguando…
arrastando o peso sobresselente de vidas a fio esperando
o infinito.
O mesmo abismo que rouba minha paz.
(Eu estou beijando você…)
Eu outonaria…
Hoje eu descobri que o maior presente é o afastamento,
e depois chegar bem pertinho,
sentir o cheiro do gozo antes do beijo..
Que a maior dádiva é o próximo passo.
Sei que minha força é meu amor.
E ele cresce.
Inacreditavelmente.
(Eu estou beijando você…)
Cresce.
Sôfrego, sem lastro…
Agrava-se.
Se expande a cada dia, sem fronteira, nu…
dança no centro dos negros olhos verdes…
Azuis de tão perenes
Alheios de tão ocultos.
Cresce avassalador, condenado a multiplicar-se
por toda a intrínseca hora eterna de pertencer-te.
(Eu estou beijando você…)
S.T.
B.
Nenhum comentário:
Postar um comentário