“Porque Deus amou o mundo de tal maneira
que deu seu filho ungênito, pra que todo aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna.”
Evangelho de João, capítulo 3, versículo 16.
Evangelho de João, capítulo 3, versículo 16.
Houve um tempo em que os santos eram homens de causas mui nobres, de agudo senso de justiça, de dever, de honra, de forte caráter talhado nas rochas mais duras. Verdadeiras fortalezas de espírito e de fé. Seres abnegados, que abriram mão do próprio conforto em nome dos mais fracos, empenhados em proteger desvalidos.
Era necessário provar inúmeras vezes cada um dos milagres, era preciso arrepender, confessar, redimir. Era preciso ter testemunhos, provas, e até amigos influentes algumas vezes.
Noutra época, os amigos influentes falaram mais alto e os santos podiam ser apenas grandes beneméritos com uma taumaturgia breve. Muitos foram os que, abençoados pela igreja, tiveram seus nomes imortalizados pela canonização. Um sem número de processos ainda aguarda a decisão final, incontáveis foram recusados.
Mas, em matéria de taumaturgia, nenhum superou Santo Antônio. Padroeiro dos pobres, casamenteiro, evocado para busca de objetos perdidos, famoso orador, o frei franciscano é um dos mais populares da igreja e aquele que tem a lista mais vasta de milagres atribuídos.
Essa semana, nós, minha família, perdemos um Antônio. Um que não era santo, nem famoso, a única ficha corrida era a conta do butiquim, mas também foi, a seu modo, um exemplo de retidão, de honestidade, de valor. Também foi bom orador, quando ele contava histórias, os outros calavam pra ouvir; também viveu dedicado a proteger os seus; também possuía um aguçado senso de justiça e do dever. Foi embora assim, de repente, sem dar-nos tempo de acenar o adeus.
Deixa pra todos nós lições valiosas, prinipalmente sobre a importância da família, do trabalho árduo e da amizade.
Algumas pessoas que crêem num Deus punitivo e vingador associam perdas e derrotas com castigos, proporcionais aos pecados atirados aos céus. Mas dessa vez, nem o mais feérico defensor da fúria divina nos convenceria. Porque, apesar de sermos muitos, nem todos os nossos pecados somados seriam capazes de gerar provação tão tamanha. Se aconteceu, é porque era hora. E só. Cabe a nós, cada um dentro de si e no amor aos outros, encontrar a força e principalmente enxergar que todo sacrifício só tem valor se for reconhecido.
Reconheçamos pois, em agradecimento pelo privilégio do convívio. Se ele é pra nós eterno, e perpetuado será a cada lembrança, quem sabe... quem sabe um dia também alcancemos essa benção. Nenhuma montanha será alta demais, nenhum rio será extenso o bastante, haja o que houver nenhum caminho será suficientemente árduo pra evitar que o abracemos no outro plano. Eu vou levando os copos, quando eu chegar as cervejas já devem estar geladas.
E façamos uma última prece, ato não de consagração, mas de esperança:
Grande e bem amado Antônio Vianna
teu amor a Deus e ao próximo,
teu exemplo de vida cristã
fizeram de ti um dos mais queridos desta família.
Te peço tomar sob tua orientação valiosa
nossas ocupações, empreendimentos
e toda a nossa vida.
Estamos convencidos de que nenhum mal
nos atingirá
enquanto seguirmos teu exemplo.
Proteja e defenda, somos pobres pecadores.
Olhe, como sempre, pela necessidade dos teus,
e dê um passo a frente diante do mestre,
pois teu lugar está guardado ao lado Dele..
Pelo caminho dos teus passos,
Deus aumentará nossa fé e caridade,
minorará os sofrimentos,
nos livrará de todo mal e não nos deixará sucumbir.
Ó Deus poderoso, cuidai de nós
afastai os perigos do corpo e da alma
e nós, com vosso auxílio,
viveremos em paz até a hora de partir
ao reencontro
com nosso amado pai, marido, filho, irmão, tio e grande amigo.
Come what may....
Nos veremos em breve, tio. Boa passagem.
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