Eu não agüento mais. Esse ano precisa acabar. É o quarto amigo que se despede em menos de seis meses. Chega...
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O adeus a Roberto Moura
José Reinaldo Marques
27/10/2005
A mensagem de Tereza Cristina comunicando — “com uma dor profunda no coração e na alma” — o falecimento do marido, Roberto M. Moura, e convidando para o velório no Memorial do Carmo pegou de surpresa os amigos do jornalista, que, aos 58 anos, morreu ontem no Rio, vítima de dengue hemorrágica.
Sócio número 1.672 da ABI, onde ingressou em 1977 e também era membro efetivo do Conselho Deliberativo, Roberto Moura faleceu às 20h no Hospital São Lucas, em Copacabana, onde havia sido internado.
Além de sua mulher, do casal de filhos e outros parentes, compareceram ao funeral de Roberto, no Cemitério do Caju, dezenas de amigos, alunos e ex-alunos das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), jornalistas e representantes da ABI, como o Presidente da entidade, Maurício Azêdo; a Diretora de Jornalismo, Joseti Marques; e os Conselheiros Sérgio Cabral, Amicucci Gallo, Domingos Xisto e Chico Paula Freitas. Joseti Marques lamentou a perda do amigo e lembrou que o diagnóstico de dengue hemorrágica deve levar os jornalistas a se empenhar em uma pauta investigativa para saber como foram empregadas pelo Estado e o Município as verbas do SUS destinadas à prevenção de epidemias da doença, que geralmente ocorrem no verão:
— Perdemos o Roberto, que era nosso amigo querido, mas temos que continuar nos preocupando com aqueles que não conhecemos e dos quais o jornalismo se ocupa.
Também estiveram presentes músicos, produtores culturais, pesquisadores e professores — entre eles a museóloga Lygia Santos, filha de Donga, e o jornalista José Carlos Rego, ambos membros do júri do Estandarte de Ouro do Globo, que Roberto integrou por 28 anos; o compositor Sílvio da Silva Júnior; o violonista Cláudio Jorge; e Moacyr Luz, que comentou:
— Eu teria muitas coisas para falar do Roberto, inclusive menciono no meu livro (“Nos butiquins mais vagabundos”) que ele foi o primeiro jornalista a citar meu trabalho como compositor. Era um grande amigo de bar, de samba e de projetos. Fizemos vários trabalhos juntos, como “O samba falado”, e atualmente ele estava cuidando do roteiro do show de lançamento do meu CD “Voz e violão” e do projeto “Sedução e voz”. Acima de tudo, Roberto era meu companheiro de toda hora, vou sentir muita falta desse parceiro que era a cara da cultura do Rio.
Muito emocionado, Sérgio Cabral exaltou o trabalho de Roberto Moura como pesquisador da MPB:
— Era um brilhante analista da nossa música e da cultura popular de maneira geral. Roberto conhecia o tema e escrevia sobre ele com absoluta profundidade.
Roberto M. Moura foi diretor de espetáculos, produtor e crítico musical. Atualmente, além de dar aulas nas Facha, era comentarista de programas da TV Educativa e colunista do ABI Online e da Tribuna da Imprensa. Mestre em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Doutor em Música pela UniRio, escreveu os livros “Carnaval — da Redentora à Praça do Apocalipse” (Jorge Zahar, 1986); “MPB — Caminhos da arte brasileira mais reconhecida no mundo” (Vitale, 1998); “Praça Onze — no meio do caminho tinha as meninas do Mangue” (Prefeitura do Rio/Relume Dumará, 1999); “Sobre cultura e mídia” (Vitale, 2003); e “No princípio, era a roda” (Rocco, 2004).
Para Iris Agatha, que foi sua “foca” no Diário de Notícias e colega no jornal Última Hora e na Rádio MEC, Roberto Moura foi “um grande mestre de brasilidade”. Para a também jornalista Zilmar Basílio, que foi aluna de Roberto na Facha, “esse carioca da Praça Onze fez da sua vida uma grande contribuição para a cultura da cidade do Rio de Janeiro e deixou marcas importantes dessa mesma cultura para o nosso País”.
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