sexta-feira, 11 de março de 2005

Zulmira, malandros e reis


20 toneladas de ferro maciço batiam as estacas da fundação. Os alarmes de ataque aéreo já pareciam fazer parte do enredo. As paredes talvez desmoronassem. Sem contar com o fedor de fossa e essa absurda vontade de vomitar. Bumbos, surdões e tantãns botavam pra quebrar em plena Marquês de Sapucaí. Ou talvez fosse Exército da Salvação marchando sobre os paralelepípedos da vila suburbana. "Ó suburbano coração..."! Ou talvez tudo isso fosse efeito da bebida. Pra quê misturar samba com churrasco e beber dessa maneira? Quando é só o samba, dá pra controlar a cerveja. Mas e a picanha, quem sugira? Quer dizer, segura? Aí dá uma sede danada e ainda por cima todas as tias velhas ficam chupando o fiapo do dente e as crianças não param de imitar chacretes de banda baiana num sol que parece estar vindo pra cima encarando geral feito a morena mulher do cunhado do teu vizinho que insistia em mostrar o decote na cara de todo mundo principalmente na sua quando a Zulmira chegava perto e todo mundo sabe que a Zuzinha não é de fritar bolinho muito menos cozinhar pra fora já que nem bem a loura da rua de baixo apareceu e a Zuzinha já havia chamado o nêgo na chincha e espinafrado a boazuda e ele nem conseguiu dizer pra ela que tava na hora do futebol e os cumpadres não iam perdoar a falta nem dele nem da cerva que ele tinha que levar porque bastava a da semana passada quando a kombi do sacolão atropelou a Tia Vica e fez a pobre rodar mais do que na ala das baianas naquele carnaval que eles passaram acampados no quintal da casa do Tio Joca por falta de vaga dentro de casa mas do jeito que ele ronca ninguém ia dormir e nem tinha tanto problema porque ninguém dormia mesmo com tanta vontade de mijar sem contar com o banheiro quando não tava ocupado tinha um cagalhão boiando e era melhor parar já que todo mundo sabe que botar a família no meio não dá certo e tanto a minha mãe quanto a tua têm telhado de vidro e ia começar a juntar gente feito urubu na carne-seca do seu Trindade aquele velho camelô safado que pediu trezentas pratas e se mandou pro Pará atrás de umas terras roubadas que passam de ladrão pra ladrão e nunca pagou o dinheiro que Zuzinha ajudou às custas de muita trouxa de roupa a juntar e tava guardado pra consertar a lage da casa pra eles poderem ir morar juntos logo porque não dá mais pra viver sem ela e "vamos sair logo daqui" que ela tá é precisando de um trato bem dado do jeito que só ele sabe dar...

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