Esse é um texto feito no calor da coisa, por uma pessoa nada nítida, depois de alguma (rs) cerveja. Desculpas adiantadas.
Então de maneiras que foi assim...
Estávamos no Capela e o papo de Vasco surgiu.
Eu gostaria de ter pulado o capítulo. Não pelo assunto, que eu não sou de correr e tenho motivos demais pra orgulho, mas pelo desfecho.
Antes um parêntese. Eu honro o canto que diz que “trago a cruz de malta no meu peito desde que nasci! E eu não paro! Eu não paro, não paro não! A cruz de malta, religião!”. Entendido? Posso prosseguir?
Bora ver. Quais são as características de um grande clube? Seus títulos? Suas conquistas? Uma história de luta?
Quando o Luis Estevão fundou o Brasiliense, era pra ganhar tudo. Chance, oportunidade e as mãos certas bem compradas. Imagina esse time campeão do mundo com uma torcida inventada, cabendo inteira numa Kombi. Procede?
Avante. O principal ativo de um grande time é a sua torcida. Sim, ela precisa de motivos pra torcer, que valham a pena e a incentivem. E ela, quando muito motivada, incendeia os jogadores. E aí vira moto-perpétuo.
A essa altura, a discussão tinha alcançado o Dinamite e eu confessei: tenho medo de virar o América.
– Porra, minha filha, você é maluca! São anos de história!
– Mas o que eu quis dizer é que...
– Quis dizer o cacete! O Vasco nunca vai virar o América! Tá maluca!
– Mas olha só... Em 23, ninguém imaginaria o que aconteceu com o América oitenta anos depois. O que eu quero dizer é que a formação de torcida e a manutenção da figura do ídolo é importante porque as crianças...
– Ô minha filha, vai estudar! Em 23, o América não existia! Então para de falar merda!
Obedeci. Parei, depois dessa, de falar toda e qualquer coisa, inclusive.
Pedi a conta, o táxi e voltei triste pra casa.
Fui acusada de não ser vascaína o bastante por ter críticas à política estranha (que permanece, filhote da ditadura) de contratar 11 débeis, vender 17 garotos e ninguém se lembra de um ídolo real, dos fantásticos, nos últimos cinco anos – no barato. A barca do Vasco é famosa como a de Caronte. Contrata, contrata, vende, vende e o time, mesmo com elenco de mais de 30, nunca está pronto. Fui acusada de não ser vascaína por ter medo de aniquilarem, em razão de inépcia, a mais grata paixão que tenho na vida.
E ainda ouvi, quase pé-na-porta:
– Não interessa. Filho torce pro time do pai e acabou-se. A nossa torcida nunca vai morrer por isso.
E todos os dias eu vejo um filho abandonando o time da família, virando a casaca em cima do pai.
Lamento dizer. Mas qualquer torcida é passível de aniquilamento se apanhar de cinto, de vara e em riste nesse tanto. Ainda mais se, pra recuperar ferida, depender de gente assim, xiita.
E fica a dica: não olhar o próprio rabo não é defesa de paixão incondicional. É só desculpa esfarrapada pra andar por aí com a bunda suja.
PS: Antes que eu me esqueça: "minha filha" é a putaquiupariu.
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