Ele transforma meu tempo numa eterna contagem regressiva. Retém meus delírios sequestrados num fastio congelado entre a coragem e o perdão. Faz-se de brisa úmida pra me confundir a primavera e encher de invernos meu coração. Sopra melodias de grilos dentro de realejos, explode jabuticabas doces da sua boca pra minha, injeta promessas de calafrios, afirma-se pela pele e desmente-se em ausência. Faz meus minutos evaporarem a cada fôlego que eu não consigo nunca recuperar. Ele é o cio da minha fêmea, o cisco no olho esquerdo, a violência da minha legião, a cria recém-nascida que não vai vingar, o barravento do meu cavalo, a vela da iaô. Eu me rendo em véu e aldeia. Ele acena condição. Eu comungo tempestades. Ele afaga mansidão. Eu adestro impropérios. Ele me toma pela mão. Ele é o meu Inferno. Eu sou o seu Cão.
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