quinta-feira, 23 de julho de 2009

CERTEZAS

A carta estava debaixo da porta. Nem precisou procurar o rementente, já sabia que era dela. A letra tremida dizia:

Eu acho que só ouvisse.
Eu acho que estou em surto.
Eu acho que estou com medo.
Eu acho que tenho um treco.
Eu acho que errei a conta.
Eu acho que me esqueci.
Eu acho que vou morrer.

Eu acho que só mentira.
Eu acho que me assustei.
Eu acho que me arrependo.
Eu acho que fiz besteira.
Eu acho que ainda aprendo.
Eu acho que não consigo.
Eu acho que vou morrer.

Eu acho que nem sonhar.
Eu acho que errei a porta.
Eu acho que fugi do timing.
Eu acho que rebaixaram o céu.
Eu acho que roubaram o chão.
Eu acho que sumi da sala.
Eu acho que fui embora.

Rasgou tudo bem pequeno. Lembrou da frase que o pai dizia: "felicidade é um momento de concentração". Ajeitou o botão do paletó, vestiu óculos escuros, o canto direito da boca se ergueu indisfarçavelmente e ele saiu pela manhã afora assoviando “Por una cabeza”.

4 comentários:

Sylvia Araujo disse...

Eu acho que não se dá conta
Eu acho que ela é estrela
Eu acho que sobrevive
Eu acho que vira-e-mexe sofre
Eu acho é que é muito amor.

Te amo.

Palavralida disse...

Erre a porta e entre na minha sala!!!
Eu acho igualzinho à Sia. E acho que isso é redundância.
Eu acho que você é minha gênia da lâmpida maravilhosa.
Te amo muito.

Anônimo disse...

Oi!
S.

Pedro Obliziner disse...

gostei do seu blog e ele só confirma algo que eu já vinha notando, todo mundo que se dispõe a escrever poemas em um blog não consegue fazer atualizações constantes. Eu mesmo tenho uma frequência intermitente